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terça-feira, 6 de abril de 2010

Usados


Querido Umbigo:

Gosto de livros.
Gosto de livros manchados, livros sublinhados, livros dobrados, livros usados, livros lidos.
Gosto de livros vivos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Tatoos of Tears


Querido Umbigo:


"Costumava forçar-se a chorar antes de chegar a casa, depois de estar com seu amante. Olhava-se no espelho do elevador e dizia a si própria baixinho que o tempo lhe havia de roubar toda a beleza" . Pedro Paixão (A Noiva Judia)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Eu


Querido Umbigo:

Isto ontem era eu... hoje acho que já não sou ☺

“Eu
Isto sou eu.
O Vidro Virado para a lua. O bocado de papel no bolso. A camisa rasgada para fazer ligaduras. O muro branco onde moram as sombras.
Eu queria ser apenas o que vejo – a lua, lua que se dá ao luxo de ser cega, de tanto olharem para ela. A lua que se nos mete pelos olhos dentro, por saber-se tão longe que nunca lhe havemos de mexer. Queria ser assim o que tu querias que eu fosse. Mas sem que soubesses. Fosse o que fosse, era isto que eu queria ser.
Isto sou eu. Uma parte que não é precisa, que serve para o que não devia. Uma coisa que sozinha não chega. Quando o que eu queria era ser motriz. Fazer parte da geringonça infernal da nossa vida. Ter uma função que mais nenhuma peça pudesse ter. Ser capaz de correr com o resto da máquina. E carregar comigo o perigo e a importância de uma avaria. Isto é o meu sonho. Isto sou eu a sonhar.
É tão pouco para quem pensa em ser seja o que for! O estilhaço de um espelho que o sol rebentou no jardim. Um vidro onde a única coisa que se vê é a sombra do fogo que a queimou. É . Mas sou eu, isto. Um pedaço de nada, onde se sentem as coisas todas que eu não sou. Mais valia não sentir do que ser assim.”

MEC

E AMANHÃ QUERO SER ASSIM:

"Ela
Isto é ela
O que quiser. Isto é ela a transformar. De manhã enorme (...)Isto é exactamente o que ela quiser. (...)Temos de esperar. Ela é ainda aquilo que ainda não sabe se quer ser.
(...)Isto é ela. Isto é, não se sabe. Isto é, é ela que não quer saber."

MEC

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Todos os Livros do Mundo deviam ser do Paul Auster

Querido Umbigo:
Peguei no dia 31 do ano passado, neste "Homem na Escuridão".

Voltar a um livro do Auster é sempre como voltar a uma casa, neste caso, a minha casa, só que com uma nova decoração, nunca sei o que vou encontrar na divisão seguinte. Eu explico:

  • é sempre igual a maneira como me colo ao livro, da primeira à última frase, é mesmo instantâneo, acontece-me com todos os livros de Auster;
  • a velocidade com que devoro cada palavra e a maneira como à medida que me aproximo do fim do livro vou doseando esta voracidade, para fazer o prazer durar só mais um bocadinho;
  • adoro a maneira como a partir da morte ou de um fim trágico Auster cria uma luz que aquece e indica um caminho;
  • as relações complicadas, as descobertas fantásticas, as coincidências;
  • o que a(s) personagem encontram no movimento que fazem a afastar-se de si....
  • gosto de os reler, mas o sabor já não é o mesmo, perde-se o factor surpresa

E agora vou regressar à minha escuridão...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano Novo

Querido Umbigo:
"Jamais haverá ano novo, se continuarmos a copiar o erro dos anos velhos"

uís de Camões


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

um dia vou construir um castelo


Querido Umbigo:
Hoje estou num estado "virulento", alimento-me das criações dos outros...

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.


Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."


Fernando Pessoa

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Alice's Adventures in Wonderland


Querido Umbigo:

"`Cheshire Puss,' [Alice] began, rather timidly, as she did not at all know whether it would like the name: however, it only grinned a little wider. `Come, it's pleased so far,' thought Alice, and she went on. `Would you tell me, please, which way I ought to go from here?'
`That depends a good deal on where you want to get to,' said the Cat.
`I don't much care where--' said Alice.
`Then it doesn't matter which way you go,' said the Cat.
`--so long as I get SOMEWHERE,' Alice added as an explanation.
`Oh, you're sure to do that,' said the Cat, `if you only walk long enough.'"

domingo, 23 de março de 2008

A Rapariga Que Pediu de Empréstimo a Beleza


Querido Umbigo:


"Uma Rapariga começa a ter uma vida difícil muito cedo. Sobretudo quando tudo dura pouco tempo. Sem protecção do pai, dos anjos ou de Deus, ninguém sabe o que se pode, não se pode nada. Por isso com a alma aflita, uma rapariga
procura sentimentos recíprocos em muitos sítios onde não devia, em que já sabe que não vai encontrar nada de jeito, porque os vícios colam-se às pessoas quaisquer que elas sejam, más ou boas. E depois é tarde e uma rapariga é um ser volátil que se queima.
(...)
Isso faz sofrer muito. E nem todas as maneiras são boas para esquecer o que faz sofrer. Por isso ria muito e saía muito e deitava-se muito tarde. Às vezes quase com quem calhava, porque também não importava muito. Mas quase sempre sozinha com um urso de peluche.
É horrível saber que se pode ter este rapaz e aquele e todos este senhores tão ricos e bem vestidos e perfumados e não haver nada que se queira fazer com eles a não ser matar o tempo.
(...)
Quando ainda se acredita que no mundo há coisas preciosas, cada vez mais preciosas porque cada vez mais raras e difíceis de encontrar quanto mais de viver.
(....)
Eu dizia-lhe que gostava muito dela. Ela dizia que me adorava. Nenhum de nós acreditava. Queríamos muito acreditar e não conseguíamos. Fazia doer."

Pedro Paixão

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Viagens no Scriptorium ou Bad Books Don't exist!!!

Querido Umbigo:

O último do Paul Auster. Completamente de tirar o fôlego, de tal forma que me obriguei a dosear a sua leitura, não mais de 10 páginas por dia. Controlo do Prazer. Acabei ... e cá ficou o "medinho", será que algum dia vou gostar de outro livro tanto como deste?

Um homem reúne as peças do puzzle que é o seu próprio passado… Viagens no Scriptorium é um Paul Auster vintage.Um homem de uma certa idade está sentado num quarto, com apenas uma porta, uma janela, uma cama, uma secretária e uma cadeira. Acorda todos os dias sem memória, não tendo a certeza se está ou não trancado no quarto. Anexadas aos poucos objectos à sua volta estão etiquetas escritas à mão com apenas uma palavra; na secretária encontra-se uma série de fotografias a preto e branco vagamente familiares e quatro pilhas de papel. Em seguida, uma mulher de meia-idade chamada Anna entra no quarto e fala de comprimidos e tratamentos, mas também de amor e promessas.Quem é Mr. Blank e qual o seu destino? O que representa Anna no seu passado? E será que vai ter tempo suficiente para perceber as pistas que surgem?

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Amor

Querido Blogue:


não sei o que se passa, mas dei comigo a ler e a gostar este texto, de um autor que para mim nem autor era... mas é giro, muito.


"Amor é uma palavra muito resistente: desde que a conheço mantém as mesmas quatro letras. O amor é muito diferente da palavra amor. O amor da Pátria é uma ilustre sociedade na Ilha do Faial, e o Amor de Mãe é um dos sustentáculos do pensamento Freudiano. Dizem-me que há corporações de bombeiros que detestam o amor por ser fogo que arde sem se ver, assim como o amor a quanto obrigas é o maior inimigo do amor livre. O amor - ódio poderia ser uma marca de balanças industriais, e o pelo amor de Deus é uma muleta linguística para substituir o vão-se lixar. O amor à primeira vista é uma coisa dos filmes que os outros fazem, sendo gravíssimo quando somos nós próprios os autores do enredo. O amor à vida faz-nos deixar de fumar, de beber, de guiar, de ir à praia, de viajar de avião, pensar no IP 5, de entrar numa Repartição de Finanças, de jogar na Bolsa, de ir a reuniões de condomínio, de discutir política ou árbitros de futebol. O amor à camisola manda que façamos tudo ao contrário. O amor é louco não façam pouco desta loucura é um bocado de uma canção e meu amor meu amor minha estrela da tarde outro bocado de outra canção. As canções podem ser feitas aos bocados, e há bocados de amor que têm servido para fazer canções. O amor tem originado algumas guerras, e as guerras fazem questão de terminar com algum ou muito amor. O amor à liberdade, por exemplo, tem servido para matar milhões de inocentes que morrem em nome do amor do outros. O amor é cego também se usa muito, e as prisões estão cheias de praticantes desta modalidade. Eu quero amar perdidamente é muito português e love you madly é muito Duke Ellington. Estava quase a esquecer o amor platónico e a verdade é que esqueci mesmo. Não há maneira de calcular quantas vezes já terá sido dito em todo o mundo amo-te, assim como também não está descoberta forma de saber quantas vezes não foi exactamente aquilo que se quis dizer. Amo-te é uma espécie de filho adoptivo de amor, é nosso mas não apenas, o benefício a certeza. Nunca mais a vi mas sei que está bem. Há pessoas que se suicidam para explicar o amor e pode querer dizer traição ou apenas a última palavra de és linda como os amores, frase muito utilizada por quem não se preocupa muito com isso do amor. O amor tem muito que se lhe diga e dá pano para mangas, facto que ainda não foi detectado pelo locutores e alfaiates. O amor à verdade é normalmente mentira e o amor pelo próximo não existe quando se está em lista de espera. Eu gostava muito que o amor fosse aquilo que todos nós gostaríamos muito que o amor fosse, porque com mais três letrinhas apenas se escreve o pior de tudo. Desamor.

Fernando Tordo


Publicada por Célia em Sexta-feira, Abril 13, 2007

Post Original no Blogue "Não sei para onde vou mas estou a caminho"