sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Maria Mata-os

Querido Umbigo:

Na quarta-feira fui à Revista... Mas em vez de ir ao Parque Mayer, rumei ao Maria Matos, para ver Maria Mata-os, pelos Primeiros Sintomas.

Ao princípio estava a achar a peça um bocadinho pretensiosa (muitas referências ao teatro e ao meio teatral em Portugal que um espectador menos assíduo podia não perceber) mas, este é um espectáculo dos Primeiros Sintomas que não são propriamente uma companhia light e essa é uma das razões porque são uma das minhas companhias preferidas.

Para além de excertos muito pequenos na Televisão nunca tinha visto uma Revista, e pela primeira vez arrependi-me porque houve sinais e linguagens que me falharam por desconhecimento do género, mas conheço o suficiente para saber que não faltou nada, os polícias meio tontos, as coristas, os comentários mordazes à sociedade em geral e à "sociedade do Teatro Português" em particular, os números musicais, os momentos completamente loucos sem ligação aparente a nada...

A Revista teve momentos geniais e momentos genialmente parvos, ou seja cumpriu a sua função de peça e de revista, e fez-me ir para casa a pensar, coisa que às vezes não me acontece com peças denominadas sérias...

A prestação de quase todos os actores foi excelente, adorei em especial a Sandra Faleiro, a Anabela Brígda e as figurações especiais dos ensaiadores (Bruno Bravo e Gonçalo Amorim). E foi com agradável surpresa e prazer que vi a Catarina em cena.

Gostei muito muito do quase final, onde acontece a desconstrução do jogo teatral e a passagem de personagem para actor e de actor para pessoa, o vazio que fica depois de retirado o cenário não é apenas um vazio físico, é um vazio que nos bate na alma, em especial aos actores.

E lá fui enganada, quando pensava que este era o momento final e sério do espectáculo, a tal reflexão a que a arte nos leva ou deve levar, somos confrontados com a cena final do espectáculo, um número de dança contemporâneo, com direito a anjos a desceram da teia e todo o elenco vestido de branco, numa coreografia que envergonhava a mais das arrojadas peças de dança contemporânea (entenda-se)...

Nota dez para os ambientes banda sonora da peça (by Sérgio Delgado).

Gostei muito, muito e ri-me muito, muito. E ainda tive direito a encontrar amigos e colegas de trabalho de longa data e que há muito que já não via.

Só me fez confusão como é que gastaram tanto dinheiro para uma peça que se apresentou 6 vezes e que morreu na quarta-feira.... mas isso são outras discussões.

1 comentário:

passarola disse...

outra fã dos primeiros sintomas! :)