As respostas andam por aí a planar e parece que encontrei a resposta à minha pergunta.

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M.I.A, Born Free from ROMAIN-GAVRAS on Vimeo.
O mais velho tinha 2 meses quando a mãe de pele castanha o levou ao seu local de trabalho para conhecer as colegas da mamã. Uma das colegas visitadas nesse dia questionou a mãe sobre a paternidade do bebé sugerindo que o pai só poderia ser albino para o menino ser tão branco e de cabelo claro. A mãe registou e reflectiu sobre isso com o pai durante algum tempo levando-a a acostumar-se com as manifestações de espanto das pessoas quando olham para a mãe e para o bebé e naturalmente (para elas…) comentam como o menino é branquinho. Muitos acrescentam que é igual ao pai.
Não deixa de ser interessante que as pessoas mais próximas digam que o menino é igual à mãe… essas são as pessoas que não encontram a semelhança na cor da pele.
Com o nascimento do irmão que agora fez 1 ano, todas estas questões de adensaram porque ele é igual ao irmão. Também tem pele branca e cabelo claro e os olhos da mãe (como diz o pai que não hesita em dizer que quando a mãe não está em casa, mata saudades da mãe estando com os filhos porque eles têm o olhar da mãe).
Romantismos à parte, não deixa de causar estupefacção o facto de uma médica pediatra numa urgência hospitalar ter ficado muito espantada para não dizer incrédula ao saber que a mãe de pele castanha era a mesmo mãe desse bebé que à altura tinha 8 meses. Começam cedo os bebés a ser olhados com esse olhar desconfiado.
Num final de tarde recente, a mãe foi com o bebé de 1 ano ao infantário do mano mais velho para o buscar tendo sido “atingida” por uma pergunta da auxiliar de educação responsável da sala do menino mais velho que lhe perguntou se os meninos tomam banho de lixívia.
Quase sem palavras a mãe referiu em resposta que a senhora estaria enganada porque os meninos não são brancos e sugeriu que esperasse pelos primeiros raios de sol para constatar como os meninos são castanhos. A mãe ficou no mínimo alarmada sobre as características desta profissional de educação mais precisamente sobre as capacidades de educar, compreender e acarinhar os meninos que lhe são confiados.
Que futuros comentários são de esperar? Como deverá reagir esta mãe? Que forças deve reunir para enfrentar este tipo de coisas?
Como mãe de pele castanha vivendo há 33 anos num país em que a maior parte das pessoas tem pele branca, esta mãe possui a sua fortaleza de defesa contra as agressões mais ou menos subtis que ao longo de toda a sua vida foi alvo. Agora procura ajuda para poder educar os seus filhos que têm a pele branca como a maioria mas que necessariamente se confrontarão com as perguntas e dúvidas dos outros sobre a sua cor de pele tendo em conta que não é a mesma da mãe mas sim do pai.
Agradeço a vossa disponibilidade. Estou disponível para esclarecer o que entenderem e se conhecerem outros pais que se deparem com este assunto a que posso chamar problema, gostaria de saber. Se me puderem indicar leituras (bibliografia) sobre isto, também agradeço.
A mãe - Black Mama ou Mulher Furacão...
(Esta carta foi enviada a Daniel Sampaio há algum tempo, não sei precisar quanto, e ainda não teve resposta. Aceitam-se contributos para uma discussão saudável)